sexta-feira, 29 de julho de 2011

Barreiras Culturais Brasileiras #1



Estou começando a desenvolver alguns textos exprimindo idéias sobre fatos intrigantes. Faço aqui algumas colocações e opiniões sobre pensamentos e ações humanas no mínimo hostis e com uma pitada de egoísmo, que em grande parte são provindas de culturas diversas.
                No caso específico do blog, que tem a intenção de relativa educação ambiental, mostrarei como esses pensamentos influem na nossa vida e no meio ambiente em geral. E quando falo em “relativa educação ambiental” eu parto do principio de que é muito difícil educar uma criança sobre meio ambiente, e adultos é praticamente impossível. E se você, leitor, pensar bem, não é uma visão pessimista, ela é de fato realista. Ao final do texto isso se tornará bem mais claro.
                Neste primeiro tópico sobre as barreiras culturais eu falo sobre a questão do passarinho na gaiola, que na verdade parece uma grande bobagem falar disso para a maioria dos brasileiros, (na verdade para grande maioria das pessoas do mundo). Mas é algo completamente banal para no mínimo 90% da população conviver com esse tipo de situação, aonde o pássaro não passa de um mero adorno, diversão e claro, como algo lucrativo.
                É incrível o fato do ser humano pensar que é um ser mais importante que qualquer outro na natureza, e mais ignorância ainda é as denominações que as culturas impõem à muitos seres vivos como: cobra é demônio, pomba é paz, sapo é macumba, leão é mal, urubu é nojento, abelha é perigosa, borboleta é do bem... enfim. O caso do “bobo” do pássaro se encaixa nos casos dos animais usados para fins de diversão, e não de domesticagem como muitos pensam que é, pois apesar dos animais domésticos estarem relativamente presos existe uma grande diferença de adaptação do animal a um ambiente totalmente humano e também a delimitação de seu espaço de movimentação, afinal quem ai já passeou com o cachorro ou o soltou por ai? E quem já fez isso com o pássaro? Não pode né? Afinal ele “foge”! Pois então, para ter este animal em casa precisa-se de uma gaiola, que na maioria das vezes é uma caixa fechada por finas grades laterais de proporções 50cmX50cm, ou 60cmX60cm (geralmente). E o que isso é comparado ao tamanho de seu ambiente natural? As aves não voam porque isso é legal, ou porque deixam os céus mais bonitos para o ser humano, elas voam porque é de sua natureza utilizar os céus para se movimentarem, afim da sua necessidade de migração para lugares onde ofereçam condições propícias de clima, alimentação, reprodução e todas outras necessidades do animal. E quando se prende este animal você restringe toda liberdade que ele pode ter, interferindo na sua maneira de viver, sendo alimentado em vez de poder caçar, sendo hidratado em vez de poder se esbaldar um uma poça d’água, sendo conduzido a dar pequenos vôos, que não passam de pequenos pulos de um lado pro outro da gaiola, pelo resto de sua vida.
                Eu me pergunto, sinceramente, aonde está o prazer nisto? Ver um animal sendo retirado pra natureza, retirado de seu hábitat, tendo seu nicho ecológico destruído simplesmente pra servir de enfeite, diversão ou dinheiro. É algo de extrema perversidade e ignorância.
                A cultura de se ter o hábito de prender pássaros em gaiolas tira por completo o remorso e a sensação de consciência pesada das pessoas que praticam isso, afinal, é aquela história: “se todo mundo faz, o que que tem eu fazer também?”, afinal pensamos que se a maioria faz então aquilo é certo. E aquele chato do ambientalista, é o cara que diz que não pode maltratar os bichinhos, e a sociedade debocha disto e determina que aquela pessoa é um ignorante, pois não faz diferença se os pássaros estão soltos ou livres, pois existem muitos outros problemas para se preocupar, como o aquecimento global por exemplo.
                Caro leitor, alguns, ou muitos, ou todos vocês podem estar pensando: “que exageiro, agora todo mundo é cruel porque tem passarinho em casa”, e outros podem pensar “e o caso dos que não podem ser devolvidos para natureza?”. Bom, obviamente, se podemos fazer algo pelo animal temos o dever de ajudá-lo, mesmo que isso implique dele nunca mais voltar a natureza, afinal o ser humano tem habilidade e inteligência mais do que suficiente para ajudar qualquer ser vivo. O que também não significa que podemos cuidar do animal em uma gaiola, afinal existe lugares especializados em animais que não podem voltar à natureza, que tratam o animal em um ambiente mais próximo possível do seu natural. E no caso dos animais (no caso específico das aves), que já nascem no cativeiro, determinados lugares sabem como reintegrá-los ao meio ambiente. Logo uma solução inteligente para libertar animais presos por muito tempo, ou nascidos em gaiolas, cativeiros, ou aqueles feridos e impossibilitados, é simplesmente encaminhá-los para lugares especializados nisto.
                E você que acha um absurdo o tráfico de animais silvestres, por causa dos maus-tratos, ou da retirada do animal da natureza, ou por qualquer motivo “maldoso”, saiba que se você tem passarinhos em casa, ou convive passivamente com esta situação, você é uma pessoa que não só incentiva, mas financia a biopirataria. Pois não existiria comércio se não existisse quem comprasse esses “produtos”. E a diferença entre um colecionador, ou taxidermista, ou quem tem pássaros raros para cruzar com outros e ganhar dinheiro, ou você que gosta só de ouvir o seu belo canto, não é nenhuma, afinal todos eles utilizam do animal para luxos e futilidades humanas.
                E acreditem quando digo que o Homo sapiens é a única espécie que realiza esse tipo de ação na natureza: capturar seres da natureza por razões que não seja para sua sobrevivência.
                Nossa cultura tem influência extremamente forte, e que leva realmente a pensarmos que podemos prender um animal livre, por motivos egoístas. Não existe um culpado, e nem você é culpado por esta cultura, você nasceu com ela em você, seus pais lhe fizeram conviver com isso, porque os pais deles fizeram o mesmo, e os pais deles também, e por ai vai... Até chegarmos no ponto da história onde alguém teve a brilhante idéia de achar que aquele animal poderia cantar, e voar e expressar a sua beleza apenas para o ser humano.
                Este texto não tem pretensão de mudar seu modo de vida, nem te fazer soltar tudo quanto é de passarinhos presos por ai, mas te fazer pensar que para mudar hábitos prejudiciais ao nosso planeta, até aquele mais na moda hoje em dia: reciclagem, reutilização, reaproveitamento, não jogar lixo na rua, não usar energia elétrica sem necessidade... enfim, precisamos de uma profunda mudança de cultura! Como? Realmente não sei, pois por mais que este texto possa afetar alguém neste planeta, esse alguém vai continuar passando o resto da vida convivendo com essa cultura ignorante e egoísta que estamos tão acostumados. Você que já passou de seus 12 anos, 13 anos... já se acostumou a achar algumas coisas besteira, assim como assuntos de que não pode prender passarinhos por exemplo, e a criança que chega em casa consciente de que não pode cometer estes atos, quando comenta com os pais, lhe é demonstrado que isso é uma grande bobagem de ambientalista ou moralista, e de que a verdade não é assim... E realmente não é assim, não se educa criança e muito menos adultos.  
                Educação ambiental só é viável quando existe uma reeducação cultural.
             As barreiras culturais são muito mais altas que a montanha de discursos sobre o meio ambiente.

2 comentários:

  1. Rapaz, o seu texto me fez rir o tempo todo. As lágrimas do riso foram maior que as grandes montanhas....Parabéns! Escreve mais....

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    1. Fico lisonjeado que uma postagem do meu blog tenha feito alguém feliz desta forma! =)

      Por enquanto o blog está sem atualização.

      Mas quem sabe voltarei a escrever não é?

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